terça-feira, 26 de janeiro de 2010

Carta da Estrelinha

"O lugar é apertado, mas confortável. A temperatura é constante e a comida não varia, excepto o sabor. Detesto quando está amarga, mas adoro quando tem sobremesa. O barulho aqui dentro é alto. Tem uma espécie de tambor que bate dia e noite, o que não me aborrece nem um pouco. Ao contrário. Nesse som maravilhoso, sinto as batidas compassadas da vida.
De longe, percebo vozes. Uma delas, mais aguda, fala a todo instante. A mais grave, só em determinados horários. Gosto de escuta-las. Durmo muito, mas também brinco, dou risada, chuto, rio, choro, faço careta quando não gosto de algo. Meu humor varia de acordo com o humor da minha locatária. Porém, o que gosto mesmo é quando tentam me tocar, quando passam a mão do outro lado da parede e conversam comigo. Não entendo nada do que falam, mas posso jurar que eles estão bem felizes. Só pelo som de suas vozes.
Ah! Gosto de música também. Algumas já estão até gravadas em minha memória…"

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